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Que tipo de jogador és?




Bem vindos a mais um artigo, desta vez vou escrever sobre o perfil de jogadores de Magic. Oficialmente estes termos foram criados pela equipa de desenvolvimento da Wizards of the Coast, de forma a entender quais os perfis e com que cartas gostam de jogar.

"After numerous years, we've come to the conclusion that there are three basic types of Magic players. The fancy term for these categories is "psychographic profiles." A psychographic profile separates players into categories based on their psychological make-up. What motivates that player to play? What kind of cards do they like? What kind of things encourages that player to keep on playing?" - Mark Rosewater

"Tu és aquilo que comes" ou "os teus gostos musicais reflectem a tua personalidade" também se aplicam da mesma forma. A personalidade vai influenciar com que estratégias, e cartas nós iremos jogar.


Timmy/Tammy - Quando penso em jogadores que se enquadram neste perfil recordo-me sempre da mesma carta;

Hoje em dia Emrakul, the Aeons Torn será o melhor exemplo, mas geralmente qualquer criatura a partir dos 6/6 já contenta os Timmy. Trata-se de imposição por força, jogar criaturas pequenas (Elvish Piper e Llanowar Elves) ou mágicas (Rampant Growth e Cultivate) são simplesmente os pequenos passos iniciais (e secundários) na estratégia para chegar ao cerne da questão, o derradeiro objectivo, que é colocar em campo ou o maior número de criaturas para rematar com um Overrun ou ter um Worldspine Wurm. Enquadra-se em estratégias de "Ramp" e "Aggro".

O Timmy, é geralmente sociável e amistoso, arrisco-me a dizer que todos os grupos de Commander têm pelo menos um, e trazem uma dinâmica agradável, o prazer em jogar as criaturas é o factor determinante, assim como a qualidade da vitória (esmagadora) em detrimento da quantidade.

Johnny/Jenny - De uma forma geral é caracterizado pela forma como quer ganhar. Para um Johnny, o Magic é uma forma de expressão, é acima de tudo um desafio.


Tipicamente enquadra-se no campo de "Combo", isto é, combinações de cartas que permitem ganhar o jogo ou alterar o estado do jogo.
Acima de tudo, procura cartas "obscuras" ou interacções que sejam desconhecidas, pretende encontrar a próxima carta cujo potencial é quebrado.

Cartas como Stitch in Time, Bridge from Below, Head Games, Zur's Weirding, Laboratory Maniac, exigem uma estratégia dedicada a explorar mecânicas ou aspectos que normalmente não são práticos ou favoráveis.

Para além de ganhar em estilo ou deckbuilding (criação de baralhos), são as principais motivações.

Spike - Ou mais conhecido como o jogador competitivo.
Ganhar e competividade são as palavras chave. Procura jogar simplesmente com o que é o melhor do formato, está a par das listas dos últimos torneios e faz proxies para testá-las. Para mim o que define melhor um spike é a sua capacidade de dedução e olhar analítico, distinguir em que baralho ou situação é melhor um Anticipate ou Telling Time, todas as escolhas do sideboard serem baseadas em dados estatísticos que representam o formato e o metagame em que se insere. Até a própria manabase é esmiuçada a rigor, contando e distribuindo os terrenos de forma a estatisticamente haver a menor probabilidade possível de não falhar um terreno por turno, ou ter acesso às cores respectivas sem ficar mana screw. É um jogador que olha para Dark Confidant e apercebe-se que o recurso de vida é irrisório face à vantagem que é ter mais uma carta.



A quantidade de vitórias é o factor principal, não quero com isto dizer que os outros perfis de jogador não queiram ganhar. Neste caso um spike não têm particularmente motivação ou prazer pelos outros aspectos do jogo, tais como: invocar criaturas grandes, ou conseguir uma vitória através da combinação de cartas que mais ninguém use. Trata-se de eficiência, afinar um terreno aqui, uma mágica ali, secalhar ajustar a curva de mana, ou perceber qual é a estratégia mais favorável. O prazer está em disputar a vitória, fazer as melhores decisões possíveis e se possível, ganhar.
O espírito competitivo pode dar um aspecto ameaçador ao spike, mas nunca julguem um livro pela capa, provavelmente ficará secretamente alegre sempre que alguém lhe pede opiniões, aos jogadores novatos sugestões, dicas, esclarecimentos de regras e até ensinar a jogar não faltará quem se preste a isso.

Vorthos/Melvin - já alguma vez pensaram como uma carta está bem feita pela forma inteligente como combina perfeitamente aquilo que está a demonstrar, e como isso se traduz no jogo? O termo flavor é isso.

Vou dar como exemplo uma das minhas cartas preferidas, façam este exercício mental e imaginem o seguinte:
Vocês são um Planeswalker, conseguem invocar criaturas, mágicas e uma afinidade de coisas fantásticas. No duelo de Magic the Gathering começam todos com 20 de vida, até aqui tudo normal. Agora imaginem um dragão, tipo Shivan Dragon, tipicamente são 5/5 com voar. E se vocês, Planeswalkers, se transformassem num dragão? Como seria a carta?



Em termos de flavor? Esta carta é uma 10/10.
Vorthos cria um deck de Commander em que há um tema, secalhar é tribal, só de anjos, mesmo que tenha um Comandante branco e preto, não vai querer incluir Doom Blade porque na imagem há uma representação de um anjo a ser atingido. Entre a arte e o próprio texto, quer estabelecer um mundo coerente, sem contradições.
É porreiro ver um Mutavault ou Changeling Titan a morrer para isto.

O Melvin aprecia o design de uma carta, funcionalmente falando, seja as mecânicas; Thing in the Ice, ou como o Teferi, Mage of Zhalfir interage com Ancestral Vision, ambos do mesmo bloco e com habilidades inovadoras.

Cada perfil não é exclusivo, isto é, há casos em que um jogador se pode enquadrar em mais do que um. Eu por exemplo, identifico-me como Johnny/Spike, a minha motivação é criar baralhos novos, experimentar cartas que não lembram a ninguém, mas ao mesmo tempo tenho em consideração que há limites, por isso tenho a tendência para orbitar para baralhos competitivos Tier 1.5/2, baralhos que estão no limiar do radar competitivo e com espaço criativo. Por outro lado também sou apreciador do design bem feito e criativo nas cartas, em Shadows over Innistrad admito-me um fã da carta Triskaidekaphobia, não é muito subtil mas podem contar 13 em quase todas as partes da carta, e a mecânica da carta é coerente com o flavor. O meu Melvin/Vorthos interior fica sorridente. 

Obrigado pela leitura, e fica a pergunta;
Em que perfil te enquadras?
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