< >

O que é Commander? Anafenza como Comandante


Bem vindos!

Hoje vamos falar um pouco sobre um deck que me tem dado muitas alegrias de um formato que me deixa bastante satisfeito. Obviamente, falo da Anafenza, the Foremost em Duel Commander (1v1).

Primeiro, falemos sobre o que é Commander. Não irei alongar muito sobre este tema, já que não é o tema principal deste artigo, mas convém deixar sempre algumas ideias gerais.
Eis o primeiro comandante de sempre!
“Commander” é um formato alternativo, muito popular e que cada vez mais se tem alargado dentro da comunidade de Magic: The Gathering.

Joga-se com uma criatura lendária como nosso “comandante”, que inicia fora do jogo na “Command Zone” (uma área fora do jogo) e que pode ser jogada a qualquer altura que uma criatura possa ser jogada, desde que os seus custos sejam pagos. Sempre que essa criatura lendária morrer, for exilada, for devolvida para a mão, ou for colocada dentro do baralho, entra um Efeito de Substituição (Replacement Effect), no qual em vez de morrer / ser exilada / ser devolvida para a mão / ser colocada no baralho, vinda de qualquer lugar, o dono poderá optar por colocá-la na “Command Zone” (incluindo se for exilada do cemitério). Caso isso aconteça, é colocado um contador em cima da carta, e da próxima vez que se tentar jogar o “comandante”, deve-se pagar o custo normal da carta, mais 2 incolores por cada contador existente. Portanto, sempre que a vossa criatura lendária vai para a “Command Zone”, terão então que pagar o seu custo de mana, mais 2 mana incolor por cada vez que ela foi para a “Command Zone”.

Um detalhe importante a referir é o seguinte. Já que ocorre um Efeito de Substituição, a criatura não chega morrer, a não ser o controlador escolha deixá-la morrer. Isto parece irrelevante, mas é fundamental para baralhos baseados em comandantes como por exemplo Child of Alara, Kokusho, the Evening Star, Ryusei, the Falling Star, ou a segunda habilidade do Iname as One (só quando se deixa ir para o cemitério ou ser exilada é que entra a habilidade desencadeada). Não é de preocupar, frequentemente os jogadores optam por deixar estas criaturas irem para o cemitério, porque tem uma mágica de reanimação (Unburial Rites, Reanimate, Goryo’s Vengeance, Exhume, Dread Return...) pronta para voltar à carga.

Para além disso, dentro do vosso baralho, apenas podem ter cartas da cor do custo do vosso comandante, e / ou das habilidades dele (ex.: Bosh, Iron Golem pode ser jogado com cartas vermelhas, dado que tem uma habilidade que requer um vermelho, ou Rhys, the Exiled, pode ser jogado num baralho verde e preto, ou Thraximundar, só pode ser jogado com cartas azuis, pretas e vermelhas).

Existem duas divisões claras neste formato, ambas com lista de cartas banidas um pouco distintas:

Americano, EDH ou Multiplayer;
  • Tipicamente, é jogado de uma forma mais casual, não competitivo, mas também o pode ser;
  • O fato de ser considerado um “kitchen tables’ format” (casual, só jogado com amigos em casa, na mesa da cozinha), torna o formato mais caloroso para novos jogadores;
  • Dado que é um jogo no qual iremos lidar com mais que um oponente, é muito comum a formação de alianças temporárias com outros jogadores para resistir aos ataques e / ou derrubar algum outro jogador que seja o tirâno do jogo.
Francês, Duel Commander ou 1v1.
  • Foi construído em resposta ao estilo multiplayer Americano, de forma a tornar o formato mais “justo” e competitivo.
  • O facto de ser um formato mais competitivo, obriga a que lista de cartas banidas seja fundamentalmente diferente (ex.: num jogo de 4 pessoas, alguém fazer Primeval Titan a turno 3 é aceitável, já que existem 21 cartas totais nas mãos dos oponentes que poderá lidar com ele. Fazer em 1v1 Primeval Titan a turno 3 não é nada agradável, principalmente quando apenas podes ter uma carta de cada no baralho).

Ambas tem as suas nuances na lista, que poderão ver no site da Wizards no caso Multiplayer:

Para mais informações de 1vs1, aconselho vivamente este site, em inglês, já que contem todos os dados, e a lista de cartas banidas é atualizada atempadamente, com as justificações pelas escolhas. É o site oficial do Duel Commander 1v. Para além disso, num aspeto muito inovador aos meus olhos, a lista de banidas tem agora uma área vemelha e uma área laranja. A área vermelha são as cartas que muito possívelmente irão ser banidas daqui a 3 meses, a área laranja são as cartas que estão em ponderação para ser banidas. Isto é um aspeto muito interessante, já que permite aos jogadores não comprarem cartas que irão ser banidas daqui a 3 meses, ou se comprarem, sabem o tempo limite que irão ter para a jogar.

Alternativamente, existe outro site que também recomendo muito. Não só apresenta a explicação do que é o formato, a lista de cartas banidas e justificação, como também fornece baralhos, artigos constantes, e ideias interessantes para melhorar os baralhos.
Avante Camaradas!
E agora, um baralho de Duel Commander, chamado Anafenza, the Foremost.

Antes da existência da Anafenza, the Foremost, o deck precursor era o Doran, the Siege Tower. Este último ainda hoje é usado como uma saída interessante no mirror de Abzan em Commander, já que os deck são semelhantes (uma 4/4 contra uma 0/5. . . 5/5. . . 0*5/5), para não mencionar que o Doran, the Siege Tower ainda aumenta (ou reduz) o poder das tuas criaturas, se tiverem a resistência diferente do dano.

No entanto, uma 4/4 por WBG, que coloca um contador +1/+1 noutra criatura tua virada (note-se a palavra VIRADA, isto dá para crescer um Birds of Paradise, Noble Hierarch, Avacyn’s Pilgrim que acabou de gerar mana para algo, não sendo necessário aplicar a habilidade desencadeada numa criatura atacante), e que simplesmente por existir, desliga baralhos baseados de reanimação de criaturas do cemitério, ou desliga a habilidade de Persistir do Kitchen Finks, ou Undying do Geralf’s Messenger.

Bom, compreendem o motivo de ela ser um peso pesado neste formato, certo?

As listas de baralhos tipicamente vistas nos top 8 de torneios, são listas baseadas na estratégia de Tempo e Stax. Isto significa que o objetivo deles ao longo do jogo vai ser matar o oponente antes dele conseguir levantar defesas consideráveis para os parar, usando sempre a mana disponivel de uma forma ultra-eficaz, e / ou impedindo-os de usar a sua mana para os parar.

Um exemplo clássico de jogada deste baralho é:

T1: Fetch, Deathrite Shaman. (Ok, é justo. Chato. Sinto-me incomodado. Mas nada demais.)
T2: Anafenza, the Foremost. (Ahhh... Isto já é ir longe demais. Mas um bom removal ou blocker de mão, e está tudo seguro! Ainda tenho muitos turnos pela frente!)
T3: Braids, Cabal Minion / Armageddon / Tangle Wire / Ravages of War. (E agora?)

Dou preferência ao Tangle Wire e à Braids, Cabal Minion já que são os mais taxantes neste início tão agressivo.

Com um arranque agressivo assim, tendo uma 4/4 ao segundo turno, é muito difícil outros baralhos de criaturas lidarem com ela. E sendo que o baralho usa múltiplas criaturas que geram mana ao primeiro turno (Fyndhorn Elves, Avacyn’s Pilgrim, Elvish Mystic, Elves of Deep Shadow, Deathrite Shaman, Birds of Paradise e Llanowar Elves), ou por vezes até artefatos que geram mana ao primeiro turno (Mox Diamond e Chrome Mox), a entrada da Anafenza, the Foremost ao segundo turno é muito frequente (nota pessoal: discordo do uso destes dois artefactos num meta não reconhecido. A perda de cartas / lands poderá ser mais relevante que a entrada ao segundo turno).

Um problema típico de baralhos que usem excessivas criaturas de gerar mana são que no jogo tardio tornam-se inúteis. No entanto, e graças à possibilidade de utilizar cartas banidas noutros formatos construidos, a Skullclamp ajuda nessa matéria, transformando cada criatura geradora de mana em duas cartas.

Pouco abusado, não?


Neste aspeto de comprar cartas ou tutorizar, aumentando a consistência e diminuindo a variabilidade do jogo (fundamental para um jogo de Commander bem sucedido), o baralho ainda conta com cartas como Sylvan Library, Horizon Canopy, Dark Confidant, Eternal Witness, Tainted Pact, Demonic Tutor, Diabolic Intent, Abzan Charm, Eladamri’s Call, Sword of Fire and Ice, Phyrexian Arena, Stoneforge Mystic e Green Sun’s Zenith. Portanto, este baralho está a garantir que o jogo acaba cedo, mas que também consegue correr se o jogo continuar se prolongar.

 

Claro que não seria Abzan, se não tivesse o seu pacote de descarte, e neste baralho é fortíssimo, para lidar contra ameaças de controlo, ou outros baralhos Midrange, contando com Tidehollow Sculler, Castigate, Duress, Hymn to Tourach, Inquisition of Kozilek, Thoughtseize, Sword of Feast and Famine e Liliana of the Veil.
Pum, ganhei.
Como se não chegasse, o baralho traz um pacote de remoção assustador, necessário para a extração de cartas problemáticas contra a estratégia que a Anafenza quer fazer. Exemplos de cartas vistas dentro deste baralho são Maelstrom Pulse, Path to Exile, Vindicate, Toxic Deluge, Swords to Plowshares, Abrupt Decay, Council’s Judgment, Abzan Charm, Dismember, Hero’s Downfall, Liliana of the Veil e Garruk Relentless.

Globalmente, o baralho consegue lidar com todas as ameaças que lhe surjam, no entanto tem dificuldade contra certas ameaças. True-Name Nemesis requer cartas especificas para ser lidado (Toxic Deluge, Council’s Judgment, Diabolic Edict, Liliana of the Veil), portanto é uma carta fantástica contra o baralho, e sendo azul, e supondo que existe contramágicas a protegê-la (Force of Will, Spell Pierce, Counterspell), mais forte se torna.

Outra carta, que no fundo é a base do baralho, é o Animar, Soul of Elements. Uma criatura, que é comandante, com proteção a duas das nossas cores (curiosamente a da nossa remoção principal), e que enche com a entrada das criaturas, e reduz o preço de futuras criaturas, é extremamente chata para nós. Não é por nada que é o pior match-up deste baralho. As únicas soluções deste baralho são Liliana of the Veil (e tendo o Animar sozinho no campo de batalha, feito difícil, já que os baralhos de Animar, Soul of Elements levam 40+ criaturas), Beast Within, Garruk Relentless não flipado (e antes do Animar ter 4 de defesa). Não existe muito mais para fazer com ele.



Tirando estas duas cartas chatinhas, o baralho é extremamente eficaz contra grande parte do formato, e recomendo a sua utilização num torneio competitivo de Duel Commander.

Espero que tenham gostado. Dúvidas, críticas ou sugestões, à vontade!

Luís Araújo

Jogando desde o bloco de Conflux, Luís tem uma grande preferência por decks de Midrange ou de Controlo, e pelos formatos eternos de Modern, Legacy, EDH ou Duel Commander.

Seguinte
« Art Ant
Anterior
Art Seg »